
Poucos dias atrás, astrônomos divulgaram a primeira imagem
de um buraco negro. Entre os envolvidos, estava a cientista Katie Bouman. Aos
29 anos, Katie foi uma das responsáveis por criar o algoritmo que registrou a
inédita imagem.
Porém, horas depois seu sucesso obteve um retorno negativo e
machista, repercutindo duas fake news: primeira, que seu algoritmo preenchia
espaços vazios dos sinais enviados pelos oito rádiotelescópios; e segunda fake
news, que ela foi a única a projetar o algoritmo.
A confusão toda fez com que seus colegas se manifestassem na
internet, declarando que ao todo foi envolvido cerca de 200 profissionais. Após
o acontecido, Katie publicou em seu perfil no Facebook a explicação para a
imagem:
“Não foi só um algoritmo ou pessoa que criou essa imagem,
ela exigiu o talento incrível de um time de cientistas de todo o globo e anos
de trabalho árduo para desenvolver o instrumento, o processamento de dados, os
métodos de imagem, e as técnicas de análise que foram necessárias para
conseguir esse feito aparentemente impossível.”.
Katie é apenas uma personagem em meio a tantos casos
machistas na área da ciência e tecnologia. Desde pequenos, meninos são
encorajados a seguir carreira de médico, bombeiro, e a interagir com brinquedos
tecnológicos e de raciocínio lógico. Enquanto isso, muitas moças são dadas
funções domésticas. Não é errado encorajar os meninos desde cedo para isso, mas
o erro está em desencorajar as mulheres.
Segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio do IBGE,
as mulheres correspondem a apenas 20% do total de profissionais que atuam na
área de TI no Brasil. O problema também não está no grau de instrução, afinal, o
IBGE também nos traz a informação de que quanto maior o grau de instrução das
mulheres, maior é a diferença salarial em comparação com os homens. Por
exemplo, o salário de um diretor ou gerente homem é de R$ 6.216, para mulher é
de R$ 4.435.
A área da TI está em crescente evolução em todo o mundo. Segundo
a International Data Corporation (IDC), até 2022, a economia digital deve
representar mais de 50% do PIB da América Latina, de 2019 a 2022. A IDC também prevê
a criação de 195 mil novas vagas de trabalho até 2022. Também está nítido que
tais vagas na áreas da TI não estão sendo preenchidas conforme a procura.
Diante dos dados, torna-se indispensável a igualdade entre
sexos no setor tecnológico (e em todos os setores, óbvio). A diversidade nas
empresas é fundamental e o encorajamento das mulheres nos setores do TI se
justifica por algo muito simples: elas são tão competentes quanto os homens e não podem ficar de fora desse crescimento.
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